Pense duas vezes antes de colocar seu filho de dieta!
Nutrição

Pense duas vezes antes de colocar seu filho de dieta!



Por Sophie Deram, nutricionista

Hoje estamos falando tanto desta epidemia de obesidade infantil que isso assusta todos os pais e até filhos. Agora há programas para combater obesidade e sempre começa com uma pesagem das crianças, com uma entrega de um cartão com as avaliações, como se fossem notas do tipo “passou ou não passou”. Claro que é importante se preocupar com os nossos filhos e é normal desejar ajudá-los a estar com boa saúde. O problema é que sabemos muito sobre os perigos de saúde associados à obesidade na infância, mas poucos entendem sobre os perigos de colocar as crianças em uma dieta restritiva.

Durante a fase de desenvolvimento, algumas crianças podem ganhar peso mais rápido do que crescer em altura. É importante respeitar o próprio ritmo do corpo e focar no estilo de vida saudável da criança para ajudá-la a manter o seu peso até ela alcançar a sua altura. Focar só no peso nesta idade pode ter consequências muito importantes no comportamento da criança frente a seu próprio corpo, no peso futuro ou no desenvolvimento do comer transtornado.

Quando só focamos no peso, a lógica seria colocá-la em dieta: fechar a boca e malhar para ela perder peso. No começo, talvez você até veja uma queda no número da balança, mas logo você tem o risco de ver seu filho com um apetite maior, um ganho de peso ou um medo de ganhar peso que pode afetar sua saúde. O corpo dele esta em crescimento e o recado que seu cérebro percebe quando se faz dieta é de perigo, porque não esta mais comendo. O cérebro vai desenvolver um processo de adaptação, hoje bem descrito pela ciência, e aumentar seu apetite e colocá-lo em risco, por exemplo, de desenvolver compulsões por alimentos.

Este mês, recebi uma menina de 15 anos com uma mãe muito estressada, me dizendo que a sua filha não parava de engordar. Quando conversei com a menina, percebi que ela está sofrendo de compulsões por doces todos os dias. Isso começou dois meses após uma dieta sem carboidratos feita com médico. Este tipo de dieta restritiva pode aumentar em até 18 vezes o risco de ter transtornos alimentares, e a coitada não conseguia segurar esta onda de compulsões por doces à tarde.

A mãe, que nunca teve compulsões, não podia entender, estava desesperada e muito furiosa com a filha que não conseguia ter “força de vontade”. Tive que explicar que compulsões não têm nada a ver com falta de força de vontade, mas sim que ocorriam devido a uma adaptação do cérebro ao susto da dieta sem carboidratos. Eu vejo isso em adultos e agora cada vez mais em adolescentes!
Se você estiver preocupado com o peso do seu filho, você deve saber que as dietas não são a solução, mas podem tornar o problema maior!

Quais são os risco de fazer dieta com crianças:
* A restrição e o controle nas escolhas e nas quantidades dos alimentos podem fazer com que a criança perca qualquer controle quando os pais não estão por perto.
* Dietas podem levar as crianças a comerem escondidas e com culpa, e isso pode ser um problema que persistirá até a idade adulta.
* Fazer dieta afeta negativamente a autoestima, que pode já ser baixa devido à obesidade e ao preconceito de outras crianças.
* Dietas podem criar uma relação conflituosa entre pais e filhos.
* Redução de calorias pode impedir que a criança receba os nutrientes adequados para a saúde e um crescimento adequado.
* Fazer restrição pode acionar um ganho de peso ainda maior do que antes da dieta.

Em vez de forçar uma criança a fazer dieta, hoje se sabe que é muito melhor incentivar hábitos saudáveis para toda a família e respeitar a fome e saciedade do filho com excesso de peso e também dos outros. Claro que é importante fazer mudanças para ajudar a criança, mas essas mudanças devem ser da família inteira, sem discriminar a criança que sofre um desafio com o peso, focando na saúde e não no peso!

* Evite comentários negativos sobre o peso ou o corpo, não só da criança, mas de qualquer outra pessoa.
* Não categorize aos alimentos como “bons” ou “ruins”. E também não categorize o jeito de se alimentar como “perfeito” ou como “porcaria”.
* Estabeleça em casa padrões mais equilibrados, acrescentando legumes e frutas, cozinhando e degustando alimentos, nutrindo o corpo com uma alimentação de qualidade e com alimentos mais verdadeiros. Envolva as crianças nas compras e preparações de refeições.
* Sirva porções menores e permita a criança a se servir de novo caso esteja com fome ainda. Respeite a fome e saciedade da criança e permita seu filho não terminar o prato caso não esteja mais com fome.
* Deixe seu adolescente sair com os amigos sem fazer depois uma fiscalização. Todo mundo tem direito a comer com prazer e dar escapadas na qualidade, especialmente adolescentes que saem com os amigos geralmente em fast food.
* Incentive uma autoimagem positiva, ajudando seu filho a descobrir seus talentos e interesses especiais. Não é o peso que determina quem ele é!

É uma dinâmica familiar que vai beneficiar todo mundo!



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