ESTIGMA DA OBESIDADE – o que podemos fazer
Nutrição

ESTIGMA DA OBESIDADE – o que podemos fazer


Figura retirada do "Blog dos Malvados"

Por Viviane Polacow, nutricionista

Nesta semana é celebrada a SEMANA ANUAL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O ESTIGMA DA OBESIDADE, organizada pela BEDA (Binge Eating Disorder Association). Mas o que vem a ser o estigma da obesidade?

As manifestações mais comuns e óbvias deste estigma são as piadas e a ridicularização de pessoas obesas, além do nefasto bullying contra crianças com sobrepeso e obesas. Mas o estigma também pode ser velado, na forma de discriminação em entrevistas de emprego ou promoções no trabalho, em que o candidato obeso é preterido, mesmo quando tem currículo e experiência superiores aos de candidatos mais magros. Também pode-se considerar a presença do estigma por meio das barreiras físicas que muitos obesos encontram para se locomover nas cidades (assentos muito estreitas em metrês e ônibus, catracas, etc).

Certa vez, enquanto dava uma aula que abordava este assunto em um curso de pós-graduação em obesidade, um dos meus alunos comentou: “acho um absurdo existirem assentos para obesos nos metros e ônibus, isso só incentiva a obesidade!”. Será? Você concorda com ele? Tal aluno era professor de educação física. Perguntei a ele sobre o que aconteceria com uma aluna obesa que quisesse, por exemplo, começar uma atividade física como parte de um plano para perder peso e melhorar sua saúde, resolvendo ir caminhar num parque. Ela teria que se deslocar pela cidade para chegar ao parque, talvez pegando um ônibus ou metrô. Sentindo-se desconfortável para locomover-se, fica muito mais fácil jogar tudo para o alto e desisitir, não?

A questão é complexa... Como no exemplo acima, é comum observar que mesmo profissionais de saúde, que deveriam ser receptivos e acolher os pacientes obesos, acabam agindo de maneira preconceituosa e antiética, julgando o paciente, associando todo e qualquer problema de saúde ao seu sobrepeso (mesmo quando não existe nenhuma associação, como por exemplo “essa dor de ouvido pode estar asssociada ao seu excesso de peso”!!!) e afastando-o do tratamento ao invés de ajudá-lo.

Pouco é comentado, mas as taxas de sucesso no tratamento da obesidade são mais baixas do que em muitos casos de câncer! Mesmo assim, a tolerância e compaixão com pessoas obesas costuma ser muito baixa, provavelmente porque geralmente são consideradas culpadas pelo seu estado. É comum ouvir que “se não fossem preguiçosas e gulosas não estariam neste estado”. Engraçado... Conheço e atendo em consultório dezenas de pessoas que são sedentárias e glutonas, ou que comem super mal, mas não são obesas...

Simplificar a questão mostra ignorância quanto às causas multifatorias da obesidade, que incluem não só fatores comportamentais, mas também genéticos, fisiológicos e emocionais.

Segundo Stunkard & Sobal (1995), é notável que nos últimos anos medidas legais e normas sociais tenham diminuído a estigmatização de grupos raciais, religiosos ou de gênero, enquanto que o preconceito contra obesos continua sendo tolerado e até socialmente aceito.

Para quem ainda acredita que é bom que exista preconceito contra obesos, vale lembrar que o estigma só tem aumentado nos últimos anos, sem que tenha havido uma queda proporcional nas taxas de obesidade.

Para finalizar, fica o recado de que a nossa briga deve ser contra a obesidade e suas consequências deletérias à saúde, e não contra as PESSOAS obesas. E da próxima vez que sentir-se tentado a fazer piadas e comentários preconceituosos sobre pessoas obesas, lembre-se de todas as pessoas maravilhosas, engraçadas, amorosas e gordinhas que você conhece... Você gostaria de magoá-las? O peso delas é o que realmente importa?



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