Sobre cadeados, zíperes e esparadrapo
Nutrição

Sobre cadeados, zíperes e esparadrapo



Por Viviane Polacow, nutricionista

Semana passada, jornais noticiaram o caso de uma mulher que procurou um médico para tratar sua obesidade e recebeu a receita de “cadialina”. Ao perguntar ao médico onde poderia encontrar tal medicamento, a paciente ouviu que em qualquer ferreiro poderia encontrar cadeado para a boca, para o armário, para a geladeira etc.

Tenho certeza de que tal profissional “de saúde” achou muito engraçada a sua conduta, e provavelmente achou que a maioria de seus colegas a aprovariam, tanto é que nem teve pudores de colocá-la por escrito a sua “receita”. E ainda bem que o fez por escrito e não só oralmente, porque assim a paciente agora tem provas e pode denunciá-lo ao CRM.

O preconceito contra pessoas obesas já foi abordado anteriormente neste blog . Na ocasião, salientamos que é comum observar que, mesmo profissionais de saúde, que deveriam ser receptivos e acolher os pacientes obesos, acabam agindo de maneira preconceituosa e antiética, afastando os pacientes de orientações que seriam mais adequadas e muitas vezes levando-os a buscar soluções perigosas (como dietas radicais, métodos purgativos, uso de medicamentos sem receita, atividade física excessiva, etc.).

Não se trata de não reconhecer que os pacientes devem ter sua parcela de participação no tratamento, melhorando sua alimentação, procurando se exercitar mais e não só esperar uma medicação milagrosa por parte do médico. Porém, para a maioria destas pessoas, é essencial a parceria com o profissional de saúde na orientação, aconselhamento e busca de solução de problemas para se alimentar melhor e a encontrar atividades físicas viáveis no dia a dia. Cadeados, zíperes, esparadrapos e afins não resolvem.

Na minha opinião, este “profissional de saúde” passou um atesto de incompetência. Ele poderia ter assumido: “não sei o que fazer, não sei te tratar, não tenho a capacidade de lhe ajudar” e ter encaminhando a paciente a alguém que a tratasse com mais humanidade, tivesse mais paciência e preparo, além de uma visão menos preconceituosa. Mas preferiu ser grosseiro, sarcástico e até sádico, o que com certeza não combina com alguém que se propôs a cuidar da saúde das pessoas.






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