Uma história real
Nutrição

Uma história real



Por Manoela Figueiredo, nutricionista

A cena:

Terça-feira, 13h30, férias de julho, filho de seis anos, mãe e avó almoçam e a ajudante passa um café bem cheiroso na cozinha.

O diálogo:
- Filho quer batata-doce?
- Não gosto.
- Experimenta de novo?
- Não quero.
- Mais uma vez? A Irene fez essa tão gostosa.
- Tá bom...

Era mais ou menos a décima vez que eu oferecia batata-doce.

Um micro pedaço é espetado pelo garfo e se encaminha para dentro da boca da maior cara de nojo já vista.

- Peraí! Assim não, desse jeito é claro que você não vai gostar, mistura ela com um pedacinho de frango e de brócolis.

- Tá bom... – segue uma pausa e depois - mãe essa foi a última vez que eu experimentei batata-doce, sabe porquê?

- Não.

- Porque eu adorei! Pode por mais no meu prato?

- Claro! – essa foi minha resposta. (Filho que orgulho, que felicidade, como a mamãe tá contente que você experimentou batata doce, é tão boa para você! Essa seria minha resposta imediata, sem pensar, porque eu estava mesmo feliz).

Ponho mais batata-doce no prato dele e não falo nada.

- Mãe da licença?

- Pra que?

- Já volto, por favor!

- Tá.

Na cozinha...

- Irene sabe o que eu comi e gostei?

- Nem imagino.

- Batata-doce.

- Sério? Que legal! (gênia, penso eu, sempre sabe o que falar)

Volta para a mesa.

- Mãe?

- Diga.

- Põe uma folha no meu prato?

- Claro filho, lisa ou crocante? - essa foi a minha resposta (filho que bom que você está comendo salada, que orgulho de novo da mamãe, muito saudável! Essa seria de novo minha resposta imediata, sem pensar, porque eu estava mesmo feliz).

- Quer que eu corte pra você?

- Sim! Vó, você comeu brócolis?

- Ainda não.

- Come vó, esse é um jeito especial de preparar, meu e da Irene.

- Como é?

- A Irene só põe o brócolis no vapor e depois a pessoa põe quanto de sal e azeite gostar, na hora da mesa. (o brócolis aqui era feito refogado, um dia não sei porque ele inventou essa só do vapor).

- Ah, boa ideia, vou experimentar.

- Mãe to “sastifeito"! – essa não consigo corrigir...

E assim ele comeu um belo prato de arroz integral, feijão, frango assado, brócolis, batata doce, alface crocante, tomate, cenoura e um Romeu e Julieta (pra que não conhece, trata-se de um delicioso “sanduíche de goiabada com queijo”) de sobremesa.

Claro que não é todo dia assim, mas ao final dessa refeição reafirmei meu pensar (e o das nutricionistas americanas Ellyn Satter e Evelyn Tribole), no qual nosso papel enquanto pais é organizar: o horário das refeições, o que e como serão servidas e um ambiente agradável; e o papel das crianças é comer o que tiverem vontade! Não adianta ficarmos colocando adjetivos na comida, dizendo que deixa mais forte ou que tem mais vitaminas, os estudos mostram que eles não comem mais porque aquilo “é bom” para eles, as crianças comem aquilo que gostam e sentem vontade de comer!

Proponho um desafio: ofereça a comida servida na mesa ao seu filho e se ele não topar, não insista, ofereça de novo um outro dia; e quando seu filho disser que está "sastifeito", acredite, deixe que ele pare de comer, essa simples ação é muito poderosa e só vai ajudá-lo a fortalecer sua confiança nos sinais internos que seu corpo manda!

Tente, pelo menos uma vez!

PS: o texto acima não é uma ficção, aconteceu desse jeitinho que está escrito, palavra por palavra, para a minha felicidade!



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