Nutrição
Pelo prazer em comer
Por Marcela Kotait, nutricionista
Há alguns dias atrás estive em um evento gastronômico aqui em São Paulo e tive a grande honra de conhecer alguns dos chefs e críticos gastronômicos mais famosos do país. Para meu espanto sempre que dizia ser nutricionista eles, fazendo careta, pareciam não aprovar... Logo no mesmo minuto, como se eu precisasse justificar a minha formação, falava sem titubear que "sou diferente! Acredito no poder do prazer em comer e na comida de verdade!!!", quase suplicando para que aquela reprovação fosse substituída pela chance de continuarmos conversando.
Com a repetição dessa situação uma dúvida não saía da minha cabeça, não conseguia parar de pensar por que pessoas que trabalham com o comer com prazer relacionam os nutricionistas ao oposto disso.
Quanto mais pensava, mais sentido fazia. Afinal, o que mostramos para os outros quando falamos da nossa profissão?
Busque imagens sobre nutrição no Google e veja milhares de maçãs e fitas métricas, abra revistas e veja que só falamos sobre "os heróis e os violões da sua geladeira", vá a uma consulta e volte para casa com uma lista enorme de restrições e substituições malucas.
Mesmo apresentando-me como diferente, aposto que nenhum daqueles chefs sabia de fato o que significava. Ser diferente do modelo tradicional de nutrição que eles conhecem vai além do que se pode entender num aperto de mãos. Na verdade, ter uma abordagem voltada a mudança de comportamento faz com que todos os paradigmas sejam desconstruídos - e isso não é fácil de entender em alguns poucos minutos.
Traçar planos terapêuticos com esse enfoque traz à tona a (tão falada aqui no blog) diferenciação do "o que se come" pelo "como se come". E voltando aos chefs, o que queria ao conhecê-los era que soubessem que mesmo em lugares diferentes - eles na cozinha e eu no consultório - acreditamos na mesma coisa: que comer bem é comer comida de verdade, com prazer, planejamento e satisfação. Que comer saudável é comer com boas companhias, é se deliciar com uma sobremesa e é comer uma salada bem temperada quase de joelhos. Queria que eles soubessem que isso também é um dos papéis do nutricionista, que a reconstrução de padrões alimentares e a criação de novas atitudes é a única saída sustentável para se ter uma relação plena com o corpo e com o comer.
Assim como o esmero em se preparar um prato com sabores equilibrados, cores chamativas e sabor inesquecível, é preciso debruçar-se no íntimo papel da nutrição, pois o meu trabalho somado ao deles torna essa receita ainda melhor.
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