Nutrição

Qual é o papel da nutricionista no tratamento da obesidade?

Por Ester Soares - Nutricionista

Hoje é o dia de combate a obesidade! Doença que cresce em todo mundo em níveis alarmantes.

O que tem sido feito para auxiliar esses indivíduos? Quais os prognósticos e tratamentos propostos?

E nós, como nutricionistas, o que estamos fazendo? Como podemos encarar essa epidemia?

Pertencemos a uma sociedade extremamente preocupada com forma e aparência e desconsideramos muitas vezes a real dimensão desse fenômeno. Penso, sobretudo, em minimizar a carga de preconceitos que cercam a doença. Campanhas do tipo "Emagreça!" ou "Boa forma em 4 semanas" só reforçam o estigma e estereotipo de que só é gordo quem quer.

Acredito que divulgar e trabalhar com metas nutricionais sustentáveis, viáveis, com informações coerentes e de forma humanística, tendo como base o conhecimento científico, incentivando o prazer da alimentação e influenciando de forma positiva as atitudes alimentares é um bom caminho. Focar no restabelecimeto dos sinais de fome e saciedade e vontade de comer, trabalhar educação nutricional através do diário alimentar, instrumento poderosíssimo para orientação nutricional de maneira individualizada e que reforça o vínculo do paciente com o nutricionista. Uma abordagem com foco na saúde valorizando cada meta atingida, sem focar somente em peso e corpo, mas principalmente nas mudanças de comportamento.

Não descarto, de maneira nenhuma, os métodos cirúrgicos adequados que indicam avanço científico. Indicados apenas para pessoas que chegaram ao extremo da obesidade e necessitam de ajuda para atingir um peso que as tirem do risco de óbito. Tentaram, tentaram, tentaram e não conseguiram! Entretanto os efeitos pós-cirugia demandam um esforço enorme de adaptação tanto física quanto emocional e enquanto não houver mudanças no estilo de vida, todo este processo doloroso será em vão.

Ainda precisamos avançar muito em técnicas de educação nutricional eficientes que são muito importantes para a evolução desse grupo de pacientes, porém sem responsabilizar apenas o paciente pelas dificuldades que serão encontradas. O aconselhamento nutricional deve complementar o tratamento de forma a ajudar na abordagem positiva, tanto das conquistas quanto dos lapsos, que são esperados. Esse tipo de abordagem requer melhor conhecimento em outras áreas, com aprendizado de técnicas para motivação e mudanças de comportamento e de reorganização de pensamentos.

Segundo Darvin, não são os mais fortes de cada espécie que sobrevivem, nem os mais inteligentes, mas os que melhor respondem as mudanças ambientais. Dessa forma, o homem estaria em curso de extinção se não fosse capaz de se adaptar, independentemente da sua força e inteligência.

Precisamos aceitar que muitos de nossos hábitos e preferências alimentares foram criados com o intuito de sobreviver a uma realidade diferente da que estamos vivendo atualmente, que certamente não são mais necessárias. Não podemos ficar a espera de um milagre, buscano pílulas ou soluçoes magicas! O papel do nutricionista deve ser a participação de mudanças a partir das adaptações no estilo de vida desses indivíduos.

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