O papel da espiritualidade no tratamento dos transtornos alimentares
Nutrição

O papel da espiritualidade no tratamento dos transtornos alimentares



por Ana Carolina Costa

Há tempos se discute a associação entre religiosidade e espiritualidade e os transtornos alimentares, desde as santas anoréxicas que negavam a fome física a fim de subjugar o corpo e elevar o espírito. Entretanto, os estudos até então não encontraram uma relação causal entre ambos. Numa série de relatos de caso publicada em 2000 no International Journal of Eating Disorders, os autores colocaram que, para algumas pacientes, a relação com Deus ofereceu contenção de impulsos que poderiam ter sido expressados através de comportamentos disfuncionais, o que se tornou positivo para o tratamento. Em outros casos, porém, a crença religiosa contribuiu de forma negativa com o tratamento, já que foi difícil separar o conceito de um Deus punitivo do processo da doença e seus sintomas. Foi necessário, inclusive, a inserção de um capelão treinado na equipe multiprofissional para lidar com tais questões específicas.

Uma das pacientes relatadas, por exemplo, cujo pai faleceu no início da adolescência e cuja mãe foi admitida num hospital psiquiátrico logo após, teve que assumir muito cedo a responsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos, passando a se relacionar sexualmente com o irmão mais velho como se ambos fossem os chefes da família. Assolada pela culpa, a paciente começou a jejuar para se punir e “expiar o pecado que havia cometido”, e foi quando a anorexia nervosa teve início. Para alguns pacientes, portanto, é difícil confrontar o transtorno alimentar sem interferir com sua crença religiosa, o que pode ser um foco de resistência no tratamento. É importante trabalhar com eles que a religião e a espiritualidade podem ser boas, caso sirvam para amparar e não para punir. Os pacientes precisam perceber se sua fé não está sendo usada como forma de justificar a doença. Tais casos reforçam ainda mais a necessidade de um tratamento multiprofissional dos transtornos alimentares, agregando quaisquer profissionais que possam trazer algum benefício ao paciente. 



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