Nutrição
Por Cezar Vicente Jr, nutricionista
A resposta para a pergunta que você deve estar se fazendo agora é: Sim, os transtornos alimentares (anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno da compulsão alimentar periódica - TCAP, “vigorexia”...) também atingem homens.
De acordo com dados da literatura científica, para cada 10 mulheres com algum transtorno alimentar existe 1 homem com o mesmo transtorno. Porém esses dados são de quase 10 anos atrás. Será que hoje essa diferença diminuiu? Acredito que sim.
Talvez seja estranho ler isso, afinal quase nunca ouvimos falar (na TV, nos jornais, na Internet, conhecidos...) sobre homens com algum transtorno alimentar. Existem alguns motivos para isso.
Popularmente os transtornos alimentares são vistos como acometimentos exclusivos do mundo feminino, uma vez que estão relacionados basicamente com preocupações com o corpo e alimentação, que são vistos como preocupações das mulheres. Agora pense: dos homens que você conhece, quantos deles você já ouviu falando que estão se sentindo gordos ou que estão fazendo uma dieta? Agora pense sobre as mulheres. Tenho certeza que conseguiu lembrar de mais mulheres nessa situação do que homens.
Para os homens é inadmissível ter algo em seu comportamento que pertence ao mundo das mulheres. Isso porque desde cedo os meninos aprendem algumas “regras” sobre mundo masculino (chamadas em inglês de Boy Code – Código Masculino), ou seja, atitudes que eles precisam ter para se sentirem homens e para serem vistos como tais pelo restante da sociedade. Uma delas é algo parecido com “Afaste-se emocionalmente o mais rápido possível da sua mãe e de todas as coisas de mulher, ou você será considerado uma mariquinha ou um fracote”. Outra é “Nunca mostre seus sentimentos (exceto raiva), o medo e a vulnerabilidade são para os covardes, e se fizer o contrário será provocado por outros meninos, então mantenha o código do silêncio”. Quantos homens você já ouviu falar “Estou tão triste hoje...”? Aposto que bem poucos...
Pensando nisso fica fácil entender o porquê não é comum ouvirmos sobre homens com transtorno alimentar. Mas não é porque não ouvimos os homens falar sobre corpo e alimentação que eles não se preocupam com isso. Muito pelo contrário, isso é muito mais comum do que pensamos.
Uma pesquisa publicada recentemente (Janeiro/2012), realizada na Alemanha com 1.354 mulheres e 1.116 homens, mostrou que aproximadamente 4 de cada 100 homens apresentou comportamentos característicos de transtornos alimentares (episódio bulímico, vômito auto-induzido, uso abusivo de laxantes, exercício físico compulsivo, restrição alimentar extrema) mais de 4 vezes no ultimo mês. Mais 13 de cada 100 homens apresentaram algum destes comportamentos pelo menos uma vez no ultimo mês. O comportamento mais freqüente nesses homens era o exercício compulsivo.
É muito mais fácil perceber que há algo errado com alguém que vomita ou fica grandes períodos sem se alimentar do que com alguém que se exercita. Esse é outro ponto chave na dificuldade de encontrarmos um homem com transtorno alimentar: no senso comum o exercício não é considerado como possibilidade de um problema.
Agora junte todas essas peças... Pois é, o problema é grande.
Os transtornos alimentares em homens e em mulheres são doenças sérias. Não devem ser pensados como frescura, manha, vaidade nem tão pouco como ‘coisa de mulher’. Como diria um dos pacientes que atendi: “Doença não escolhe sexo!”. E não escolhe mesmo! As pessoas com transtorno alimentar precisam de compreensão e tratamento especializado!
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Nutrição
Transtornos alimentares em homens
Por Cezar Vicente Jr, nutricionista
A resposta para a pergunta que você deve estar se fazendo agora é: Sim, os transtornos alimentares (anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno da compulsão alimentar periódica - TCAP, “vigorexia”...) também atingem homens.
De acordo com dados da literatura científica, para cada 10 mulheres com algum transtorno alimentar existe 1 homem com o mesmo transtorno. Porém esses dados são de quase 10 anos atrás. Será que hoje essa diferença diminuiu? Acredito que sim.
Talvez seja estranho ler isso, afinal quase nunca ouvimos falar (na TV, nos jornais, na Internet, conhecidos...) sobre homens com algum transtorno alimentar. Existem alguns motivos para isso.
Popularmente os transtornos alimentares são vistos como acometimentos exclusivos do mundo feminino, uma vez que estão relacionados basicamente com preocupações com o corpo e alimentação, que são vistos como preocupações das mulheres. Agora pense: dos homens que você conhece, quantos deles você já ouviu falando que estão se sentindo gordos ou que estão fazendo uma dieta? Agora pense sobre as mulheres. Tenho certeza que conseguiu lembrar de mais mulheres nessa situação do que homens.
Para os homens é inadmissível ter algo em seu comportamento que pertence ao mundo das mulheres. Isso porque desde cedo os meninos aprendem algumas “regras” sobre mundo masculino (chamadas em inglês de Boy Code – Código Masculino), ou seja, atitudes que eles precisam ter para se sentirem homens e para serem vistos como tais pelo restante da sociedade. Uma delas é algo parecido com “Afaste-se emocionalmente o mais rápido possível da sua mãe e de todas as coisas de mulher, ou você será considerado uma mariquinha ou um fracote”. Outra é “Nunca mostre seus sentimentos (exceto raiva), o medo e a vulnerabilidade são para os covardes, e se fizer o contrário será provocado por outros meninos, então mantenha o código do silêncio”. Quantos homens você já ouviu falar “Estou tão triste hoje...”? Aposto que bem poucos...
Pensando nisso fica fácil entender o porquê não é comum ouvirmos sobre homens com transtorno alimentar. Mas não é porque não ouvimos os homens falar sobre corpo e alimentação que eles não se preocupam com isso. Muito pelo contrário, isso é muito mais comum do que pensamos.
Uma pesquisa publicada recentemente (Janeiro/2012), realizada na Alemanha com 1.354 mulheres e 1.116 homens, mostrou que aproximadamente 4 de cada 100 homens apresentou comportamentos característicos de transtornos alimentares (episódio bulímico, vômito auto-induzido, uso abusivo de laxantes, exercício físico compulsivo, restrição alimentar extrema) mais de 4 vezes no ultimo mês. Mais 13 de cada 100 homens apresentaram algum destes comportamentos pelo menos uma vez no ultimo mês. O comportamento mais freqüente nesses homens era o exercício compulsivo.
É muito mais fácil perceber que há algo errado com alguém que vomita ou fica grandes períodos sem se alimentar do que com alguém que se exercita. Esse é outro ponto chave na dificuldade de encontrarmos um homem com transtorno alimentar: no senso comum o exercício não é considerado como possibilidade de um problema.
Agora junte todas essas peças... Pois é, o problema é grande.
Os transtornos alimentares em homens e em mulheres são doenças sérias. Não devem ser pensados como frescura, manha, vaidade nem tão pouco como ‘coisa de mulher’. Como diria um dos pacientes que atendi: “Doença não escolhe sexo!”. E não escolhe mesmo! As pessoas com transtorno alimentar precisam de compreensão e tratamento especializado!
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