A alegria da gravidez versus a preocupação com o corpo
Nutrição

A alegria da gravidez versus a preocupação com o corpo


Imagem da campanha internacional "Real Mums" da grife australiana Cake Lingerie, mulheres reais comemorando seu corpo e a gravidez

Por Paula Costa Teixeira, educadora física

Aproveitando o “gancho” do Mês das Mamães e do contexto atual muito bem explicado no post anterior a este (http://www.gentabrasil.blogspot.com.br/2012/05/especial-para-os-profissionais-da-saude.html), faço um convite para refletirmos sobre como é ser gestante nesta sociedade com tantos padrões de beleza, fotos de corpos manipuladas com Photoshop e apelos para manter-se magra e esbelta.

Se partirmos do princípio que a maioria da população feminina está insatisfeita com o seu corpo, imagine a mulher durante a gravidez. Claro que não estamos falando da maioria. Mas, infelizmente, existem mulheres que paralelamente a este momento espetacular de gerar uma vida, sofrem com uma angústia com as alterações físico-corporais.

Passeando pelo shopping um dia desses vi uma propaganda de Dia das Mães numa loja dizendo que ser mãe é um esporte. Achei interessante porque, realmente, mãe é um ser inexplicável com capacidades extraordinárias, assim como um atleta. Mas ao olhar o restante da propaganda vi fotos enaltecendo quantas calorias a mãe poderia “queimar” fazendo atividades cotidianas com seu “pequerrucho(a)”, como por exemplo, amamentar, brincar ou acompanhar o dever de casa. Daí fiquei a pensar o quanto este tipo de mídia alimenta certos pensamentos intrusivos e exacerbam a preocupação com o corpo.

Temos também o mundo das celebridades femininas (sim, porque elas também engravidam), exibindo seus corpos photoshopados nas capas das revistas, querendo mostrar que é possível recuperar seu peso anterior a gravidez (ou até melhora-lo, porque não?) após três meses do parto. Basta a mamãe se exercitar, fazer dieta e amamentar, pois isso queima muitas calorias! O quanto será que este objetivo toma a frente de outros tão importantes para o crescimento saudável, além do desenvolvimento imunológico, físico, afetivo e psíquico do bebê?

Todas estas informações distorcidas podem influenciar as gestantes a adotar comportamentos inadequados, a se engajar em dietas restritivas e exercícios físicos com o único objetivo de controlar o ganho de peso corporal, colocando em risco a saúde tanto do bebê quanto sua própria.

Estudos apontam que mulheres resistentes em ganhar a quantidade adequada de peso durante a gravidez estão mais suscetíveis a apresentar náuseas frequentes e insuportáveis durante toda a gestação, infecções (urinária ou gastrintestinais) e complicações no parto. Nestes casos, a gravidez é considerada de risco e a mulher não recebe liberação médica para se exercitar, pois as chances de ter um bebê prematuro e de baixo peso são altas.

Vale ressaltar que o valor do peso corporal é uma somatória de vários componentes: ossos (são mais de 200!), músculos (temos mais de 600 sabia?), pele, órgãos, litros e litros de sangue e de água, por fim, a gordura. No caso da gestante, soma-se ainda o peso do bebê que evolui a cada semana, além de outros incrementos como o volume sanguíneo, por exemplo, que refletem diretamente no peso corporal.

É importante que a medida do peso corporal seja feita com certos cuidados bem como são feitas quaisquer outras medidas antropométricas. De preferência, deve-se respeitar o mesmo horário do dia, usar a mesma balança (com calibragem conferida) e se pesar só quando necessário e (se possível) na presença de um profissional da saúde. Assim teremos uma medida fidedigna.

Curtir uma gestação sem “neuras” é essencial para a saúde mental da mamãe, do bebê e de toda a família, afinal gerar uma vida saudável é o objetivo que deve prevalecer nesta fase tão especial da vida da mulher.

Para saber mais:

Dunker et al. Transtornos alimentares e gestação – Uma revisão. J Bras Psiquiatr. 2009;58(1):60-8.



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